Quantas vezes já ouviu alguém dizer que só vai ao dentista “quando dói”? Esta ideia, ainda muito enraizada, leva à desvalorização das consultas de rotina e à procura de cuidados de saúde oral apenas em situações de urgência. No entanto, esta abordagem reativa representa um risco sério para a saúde, muitas vezes resultando em tratamentos mais complexos, prolongados e dispendiosos.
A maioria das doenças orais desenvolve-se de forma silenciosa. Cáries iniciais, gengivites, pequenas fraturas ou desgaste dentário podem evoluir durante meses — ou até anos — sem causar dor significativa. Quando os sintomas se tornam evidentes, como dor aguda, infeções ou sangramento, o problema já se encontra, muitas vezes, numa fase avançada, exigindo intervenções invasivas como desvitalizações, extrações ou cirurgias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) sublinha que a saúde oral é parte integrante da saúde geral e do bem-estar ao longo da vida. Segundo o relatório publicado em 2022, estima-se que cerca de 3,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas por doenças orais evitáveis, como a cárie dentária e a periodontite. Por isso, a OMS recomenda a realização de consultas de avaliação e higiene oral profissional pelo menos duas vezes por ano como uma medida preventiva eficaz.
Consultas regulares ao dentista permitem a deteção precoce de cáries, lesões e infeções que poderiam passar despercebidas no dia a dia. Além disso, possibilitam a prevenção e o controlo da doença periodontal — uma das principais causas de perda dentária em adultos —, bem como a realização de limpezas profissionais que removem o tártaro e a placa bacteriana acumulada em zonas de difícil acesso. Estas visitas são também uma oportunidade para reforçar a literacia em saúde oral, com orientações personalizadas para os cuidados em casa, e para acompanhar alterações sistémicas que se manifestam na cavidade oral, como é o caso da diabetes, de doenças autoimunes ou de défices nutricionais.
A prevenção, além de proteger a saúde, representa uma poupança económica significativa. Estudos mostram que o custo de uma intervenção preventiva pode ser até cinco vezes inferior ao de um tratamento corretivo. Por exemplo, uma cárie detetada numa fase inicial pode ser tratada com uma simples restauração, evitando a necessidade de desvitalizações ou outros procedimentos mais invasivos e dispendiosos.
As visitas periódicas ao dentista permitem estabelecer uma relação de confiança entre profissional e paciente, ajudando a reduzir o medo e a ansiedade que ainda hoje afastam muitas pessoas dos cuidados de saúde oral.
Referência:
World Health Organization. (2022). Oral health. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/oral-health



